segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Sete Vidas

Sete Vidas (Seven Pounds) concretiza o mais novo trabalho entre Will Smith e o diretor Gabriele Muccino, e prova que versátil é a palavra certa ao ator por compor este drama. Quando se vai ao cinema para ver Smith, queiram ou não, é criada uma expectativa, ainda mais quando trata-se da parceria dele com o diretor de À Procura da Felicidade. Pois bem, preparem os lenços porque o chororo vai rolar solto.

O longa abre com Smith ao telefone chorando relatando um suicídio. A tela muda e vemos os acontecimentos anteriores, que é o conhecer dos personagens a quem presta auxílio. Por duas horas vemos o enigmático Ben Thomas engendrar na vida de sete estranhos sem pedir nada em troca. Não se sabe o que ele pretende, mas algo em seu passado o força a querer mudar drasticamente a vida destes desconhecidos cuidadosamente escolhidos por Thomas. Por trabalhar na Receita Federal traça padrões e encontra facilmente aqueles que escolhe.
Gabriele usa de recursos como closes bem fechados nos rostos, o uso de desfoque e até mesmo a baixa profundidade de campo na interação entre o personagem principal com as pessoas. Thomas que apesar de muitas vezes depressivo e recluso, é todo sorriso e bobo como uma criança inocente ao conversar. De fala mansa e jeito próprio que faz surgir o interesse de Emily (Rosario Dawson) portadora de uma doença cardíaca, também uma de suas escolhidas. Aos poucos ao vermos os dois que há aquela edificação emocional. Outro destaque, mesmo que breve, é de Woody Harrelson que interpreta Ezra Turner, um deficiente visual.

Ao montar o quebra cabeças no decorrer da histórias com os rápidos flashbacks do atormentado personagem principal, e claro ao direcionamento que a história dá mais ao final, que percebe-se qual era o grande segredo de Ben Thomas. Daí fica esclarecida a obviedade do plano dele e do motivo de fazê-lo. Alguns podem dizer que por causa disso é uma história de desfecho fraco, que poderia ser melhor roteirizado, talvez para outros uma verdadeira lição de vida. Mesmo assim, isso não a descaracteriza de ser uma boa história, com atuações competentes.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Um Beijo Roubado

O diretor e co-roteirista do filme Um Beijo Roubado (My Blueberry Nights), Wong Kar Wai, traz ao público um filme singelo e bem focado na personagem Elizabeth, vivida pela cantora Norah Jones. A idéia do filme surgiu de um curta metragem do mesmo diretor sobre um homem e uma mulher dentro de um bar, mas neste longa algumas pequenas diferenças, como a viagem da personagem principal em busca de auto-conhecimento. Uma curiosidade é que o filme não tinha roteiro!

Elizabeth
Uma jovem que passa a frequentar a confeitaria/bar de Jeremy (Jude Law de Um Jogo de Vida Ou Morte). O local é uma espécie de simbolo que serve de estabilidade durante o rompimento da personagem de Jones com um ex-namorado. Certa noite ao conversar com Jeremy pergunta o motivo das tortas buleberry ficarem todas as noites intactas. A torta é descartada toda noite e ela se sente da mesma forma por seu relacionamento não ter dado certo. Esse é o motivo de ter dois empregos, um a luz do dia e outro de noite, para parar de pensar em seu antigo amor, além é claro para economizar e comprar um carro. Noite após noites no decorrer das conversas com Jeremy, se entope de tortas.

Jeremy
Dono da confeitaria sempre sorridente. É uma espécie de mantenedor de histórias alheias. Em seu estabelecimento há um pote de chaves perdidas ou acumuladas durante anos. Tudo acontece até de forma simples. As pessoas passam e as deixam para que outras as peguem e geralmente o fazem por estarem em momento de raiva ou rompimento. Para Elizabeth especificamente foi os dois. Por isso, Jeremy é um colecionador de promessas e sonhos despedaçados, e não as joga fora por achar que não está no direito de fazê-lo. Segundo ele, o significado de uma chave é abrir uma porta e não cabe a ele quais portas devem permanecer fechadas.

A viagem
Ela não sabe para onde ir, apenas sabe que tem de partir. Para isso em uma busca de auto-conhecimento a personagem de Jones acaba parando em Memphis, no estado do Tennessee, lar do blues, e posteriormente em Vegas.É nesta viagem que compartilha de histórias. Uma verdadeira troca de experiências, como a do policial Arnie, encarnado pelo ator David Strathairn que foi indicado ao Oscar de melhor ator por Boa Noite Boa Sorte. Ele é um policial alcóolatra com uma paixão obsessiva pela ex-mulher Sue Lynne (Rachel Weisz, ganhadora do Oscar de melhor atriz coadjuvante em O Jardineiro Fiel).


Natalie Portman dá o ar da graça com um sotaque texano característico. Ela interpreta Leslie, uma jogadora de cartas sexy, manipuladora e incrédula. O destino dela e de Elizabeth se junta uma noite em Vegas, nascendo daí uma amizade verdadeira, embora ambas sejam opostas. Aqui mais espaços para dramas pessoas, agora vindo de Leslie e seu passado com o pai.


Wong Kar Wai, o diretor
O diretor de Amor À Flor da Pele e 2046 filma tudo de forma cuidadosa. Em certos momentos o faz através de superfícies transparentes, pelas vitrines de bares, frestas ou espaços entre objetos quase como se o espectador fosse alguém vendo e ouvindo tudo escondido. Contém também uma bela fotografia, iluminando os personagens com as cores de bar ou luz ambiente. O aspecto visual é bem forte e é tudo muito fluido, bem brando. Lembrando que quando o diretor iniciou as filmagens tinha apenas a idéia básica da história, mas não havia um roteiro definido.

Ah sim, para os marmanjos de plantão as três, Jones, Weisz e Portman, estão belíssimas. O visual do longa se completa a trilha sonora, contendo a própria protagonista Norah Jones, Cat Power, Ry Cooder, Otis Redding, entre outros.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Onde Os Fracos Não Têm Vez

Baseado na obra literária do ganhador do prêmio Pulitzer de mesmo nome, Cormac McCarthy, No Country For Old Man (Onde Os Fracos Não Têm Vez) é a adaptação dos irmãos Coen aos cinemas. O filme é o mais violento da dupla e traz atuações que deixam a quem assiste embasbacado.

Logo de cara, na cena de abertura vemos um policial rendendo um carro no meio da estrada do oeste Texano no verão de 1980. Na delegacia de polícia damos conta de que o homem preso é Javier Bardem de Mar Aberto (Anton Chigurh) que estrangula o mesmo policial que o prende com as algemas até a pele do pescoço dilacerar, com sangue para todo o chão. A cena mais violenta de todo o longa metragem, o que nos dá o tom de como será a história. Ao fim as marcas da bota da vítima marcadas ao mesmo chão.

Depois, é a vez de Llwelyn Moss ser apresentado (Josh Brolin). Um homem ordinário da região texana e ex-combatente da guerra do Vietnam com chapéu de palha. Está em meio ao deserto caçando e de repente se depara com uma cena de crime – uma transação de drogas mal sucedida - com corpos espalhados ao chão. Acha uma maleta com a quantia de dois milhões de Dólares. Sem dinheiro, morando num trailer e casado, não resiste e a carrega a maleta para si. Mas sabe que será caçado por quem quer que seja, pois por uma quantia dessas sempre tem alguém por ai para fazer perguntas.

Por último o xerife Bell (Tommy Lee Jones). Homem esperto, virtuoso, da terceira geração da família a ser policial que toma conta da cidade. Analisa o crime e seus envolvidos por meio de dedução lógica e corpos ao longo do desenrolar da trama da história.

Os diálogos são singelos, contudo de uma profundidade interessante. Como Anton em um posto de estrada que nem Sócrates fazendo perguntas tolas, mas bem elaboradas uma atrás da outra confundindo o dono do estabelecimento. Seus diálogos são secos, indiferentes, insistentes, manipuladores e arrogantes. Não há senso de humor algum e o corte de cabelo ao estilo príncipe Adam (!) é ridículo e ainda assim muito próprio da personagem, porém mais gritante que isso é a frieza em matar sem nem pestanejar.

É quando surge aquele tom de voz e sabemos que algo de ruim poderá acontecer. “Qual foi o máximo que já perdeu no Cara ou Coroa?” pergunta ao velho dono do posto. Num lançar de moeda ao ar fica claro que o destino da vítima será decidido ali. A moeda cai e sua mão a tapa no balcão. A atuação de Bardem é peculiar. Ele encontrou um jeito de desenvolver a personalidade do personagem e nada se sabe sobre a procedência dele. A única menção feita sobre o mesmo no livro é que não há senso de humor.

Então, vemos a interação, ou não interação dos três homens. Moss fugindo com a grana, Anton perseguindo-o e Bell atrás dos dois querendo solucionar tudo. É bem verdade que tudo gira em torno do dinheiro, mas o desenrolar dos fatos, a ação, tiroteio, a típica e bem feita caça gato-e-rato e o jeito como filmam são um prato cheio. A dupla não economiza em mostrar as mortes e ferimentos. É tudo muito cru, direto, sem nada que nos prepare para o que virá.

Não foi à toa que Javier Bardem ganhou a estatueta de ouro como melhor ator coadjuvante, e que Joel e Ethan Coen foram premiados com a melhor direção, e foi a primeira vez que uma dupla de diretores leva o prêmio. Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado também estão inclusos na lista. Aqui fica esta dica para você que quer uma boa opção para entretenimento.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

The Cosmos Rock

Treze anos após o Made in Heaven, Queen, uma das melhores bandas de todos os tempos retorna ao lado de Paul Rodgers – ex Free e Bad Company – nos vocais. Ok, a resposta que todos já sabem. “O Queen não é o mesmo sem Mercury!”. Mas ouça o novo trabalho The Cosmos Rock. Roger Taylor e Brian May, baterista e guitarrista da banda, são os remanescentes que compuseram o novo trabalho juntamente com Rodgers. Não se sabe o motivo real de John Deacon, baixista, estar de fora da nova empreitada, mas ele foi homenageado assim como Fred neste álbum.

O compacto traz boas faixas, algumas dançantes com influências claras de blues, country e hard rock. A primeira é Cosmos Rockin’. O som é embalado pela guitarra de May e palmas. O vocal de Rodgers realmente não deixa a desejar e Mercury via neste cantor um ídolo.

A segunda, Time to Shine, é marcada por um vocal melódico no refrão. Still Burnin’ é a terceira e segue sem muito destaque, assim como War Boys que é a quinta faixa. Small é bem emotiva, refrões e backing vocals que trazem maior valor a canção. We Believe é interessante e traz novamente aqueles riffs característicos de May. Uma canção bem construída, de mensagem positiva, emotiva e edificante.

Call Me é bem country não só pela forma como cantada, mas pelo instrumental. Esta é uma daquelas de se fazer coreografia num salão, com mão no chapéu e outro na fivela ou batendo as mãos e pés no chão como nos filmes americanos. Canção curta, fácil de se cantar que fica na cabeça para não sair mais. Em seguida, Voodoo. Bem blues que fala sobre amor de ritmo bem sensual. Dá vontade de ouvir no carro em uma viagem. Rodgers manda bem com entonações baixas, em certos momentos uns agudos, mas sem exageros.

Some Things That Glitter é mais uma bem emocional de belos arranjos, acompanhada do piano, guitarra e vocal. C-elebrity tem chances de ser uma de maior destaque pela pegada um tanto enérgica e vocal mais poderoso. Por falar em vocal, Taylor Hawkins, baterista do Foo Fighrters é quem canta. Segue Through The Night, melodia sobre raiva, amor e solidão.

Say It’s Not True. Nesta mais do que nas outras o riff de guitarra inegável do Queen e uma das mais belas do álbum, sem dúvida. É parte da campanha 46664 HIV/Aids, de Nelson Mandela. Surf’s Up... School’s Out! é sobre diversão pura, perfeita para fazer parte de trilhas sonoras de filmes adolescentes oitentistas como Clube dos Cinco ou Curtindo a Vida Adoidado. Encerrando o álbum, Small (Reprise).

The Cosmos Rock tem ritmo e energia. É Rock ‘n’ Roll! Vai fazer muita gente levantar e dançar, bater os pés e cantar. Fiquem atentos ao estilo vocal de Paul Rodgers, contudo, um aviso aqueles que nunca ouviram a banda Queen: Não espere encontrar lá um substituto para Fred Mercury, já que isso nunca existirá! Ouça a formação original nos seus melhores trabalhos para ter a noção da grandeza destes músicos. Depois, escute The Cosmos Rock. Não desmerecendo o novo trabalho, mas há uma clara diferença.

domingo, 9 de novembro de 2008

R.E.M No HSBC Arena

Após oito anos de infindável espera é trazido ao Brasil um dos maiores grupos do Rock ‘n’ Roll internacional, R.E.M, que tocou neste sábado dia 08 de novembro de 2008, no HSBC Arena na Barra da Tijuca. Mas como de praxe, uma banda de abertura que ficou por conta do instrumentista do Barão Vermelho, Fernando Magalhães, e músicos bem pontuais no horário, começando exatamente às 21: 30 horas.

O número de público foi modesto no início e Magalhães troca umas palavras e brinca com todos em dizer que como não era lá um bom vocalista preferiu permanecer mesmo na guitarra. Aliás, competentíssimo é o músico e sua banda que fizeram lembrar acordes característicos de Satriani.

Ainda durante a apresentação uma surpresa para quem estava na arquibancada à esquerda do palco. Mesmo no escuro a careca de Michael Stipe é inconfundível que foi dar uma espiadinha no palco e trocar umas palavras com o engenheiro de som.

A apresentação termina à la Beatles. Foi a clássica Twist And Shout. Poucos minutos depois a pista da arena enche e as luzes apagam. Ao centro do palco Stipe aparecendo sem aviso, acompanhado de Mike Mills e Peter Buck num jogo de luzes incessante abrindo com Living Well Is The Best Revenge.

Ah, o set list! Mesmo aqueles que não conheciam o repertório puderam ficar tranqüilos já que houve os hits que com certeza todos já ouviram, como What’s The Frequency, Kenneth?, Drive, Ignoreland, Imitation Of Life e The One I Love. O público entra em sintonia, grita, canta refrões, sua e até mesmo chora. Os highlights do show foram ver Michael com seus trejeitos típicos, as danças desengonçadas, e claro, ouvir o público acompanhar o refrão das canções.

Um ponto fortíssimo a favor do R.E.M. foram as imagens no telão. Um câmera man transitava a frente do palco lançando tudo gravado imediatamente ao telão, mais os efeitos de vídeo, imagens dos clipes e figuras bidimensionais como de games oitentistas. Some esses efeitos a presença de palco do grupo e o resultado foi um show de deixar fãs satisfeitos. Mas a galera foi mesmo ao delírio com a icônica It’s The End Of The World As We Know It e em uníssono cantam o refrão.

Partituras foram jogadas ao alto, a gaita arremessada a quem pudesse pegar, sentimento colocado em cada palavra e olhar altivo do vocalista, ou mesmo com a mão no peito e olhos fechados quando pula e vai ao chão como num único movimento. Stipe e Mills descem do palco e fazem a alegria de alguns com um simples toque de mão. O contato cara a cara foi feito pelo lead man da banda que teve um leve tapinha na careca de um fã, e o baixista cumprimentava todos da primeira fileira da pista vip. Contudo, aqueles que apreciavam o show ao lado esquerdo, nas arquibancadas, não tiveram o mesmo gosto como os demais a quem Michael Stipe a todo o tempo acenava e talvez se dando conta disso que Mills foi ate lá dar um alô.

Agradecimentos e conscientização político-ideológica também não ficaram de fora entre uma canção e outra. Os pagantes gritavam “Obama, Obama!”. Não demorou muito e um rápido comentário sobre o atual presidente Norte-Americano, Barack Obama, e imagens dele ao telão. Discursou brevemente da importância que ele trará e da quebra de paradigmas, afinal é um homem negro agora no comando do mais poderoso país do mundo.

Mais ao final os grandes sucessos como Supernatural Superserious, Losing My Religion, Everybody Hurts, tida por muitos como a música mais triste do mundo, e fechando a noite Man On The Moon. Antes de deixarem o palco mais uns acenos ao público, um elogio e outro a Fernando Magalhães, o amor em tocar para o público brasileiro e a vontade de retornar. Com luzes, fumaça e ótima música houve um rápido movimento dos olhos que trará memória de um show que não será apagada. Yeah, an evening of Rock ‘n’ Roll, babe!!!


sábado, 27 de setembro de 2008

Controle Absoluto

A Dreamworks, estúdio de Steven Spielberg, e o diretor D.J. Caruso acertam de novo ao trazerem Controle Absoluto (Eagle Eye), que em essência é como Inimigo do Estado, que foi estrelado por Will Smith, justamente por tratar da questão do panoptismo de Michel Foucalt. Só que este filme vai muito além. A América vive em um estado de sítio nos setores de telecomunicações e todo tipo de comunicação é monitorado pelo governo, até mesmo os telefones celulares quando desligados. Uma verdadeira paranóia ou medida cautelar?

Tudo começa no Oriente Médio quando o Pentágono está à caça de Majid Al Kohei que está aparentemente em um funeral. Michael Chiklis (O Coisa de Quarteto Fantástico e da série The Shield) interpreta o secretário Callister que, contra a própria vontade, recebe ordem direta do presidente dos Estados Unidos para executar um plano de ataque no local em que está o terrorista. No ponto de vista patriótico a ação se justifica para salvaguardar a vida de inocentes, mas o ato na verdade não passa de uma forma de extermínio, de terrorismo, vindo a mando do chefe maior da terra do Tio Sam.

A tela muda e vemos Jerry Shaw (Shia Labeouf) em um simples jogo de carta num quartinho dos fundos da Copy Cabana (ê trocadilho besta), local em que trabalha com uns amigos. Com um jeito um tanto desleixado, contudo manipulador, blefa para ganhar uma grana e finalmente poder pagar para senhoria o aluguel sempre atrasado. Se com o diretor D.J. Caruso em Paranóia a idéia era de mostrar o garoto cheio de problemas, então neste novo longa o que importa é de apresentar um jovem adulto (de barba por fazer para talvez tentar não remeter mais Shia a um garoto, e sim como homem) com problemas ainda maiores, multiplicados a extraordinários níveis. Jerry é o cara desgarrado da família. Sentia-se um estanho no próprio lar e fugiu da escola, e não agüentava mais ser comparado ao irmão, um oficial da Marinha que trazia orgulho aos pais. Para sobreviver fazia alguns trabalhos, viajando a lugares como Singapura, Indonésia, etc. Mas após pagar a velha senhoria recebe um telefonema que o desnorteia, a morte do irmão gêmeo Ethan. Caruso pincela sobre o drama particular do rapaz quando discute com o pai (William Sadler) após o enterro do irmão.

A segunda protagonista é Michelle Monaghan (de Missão Imposível III), Rachel Holloman, mãe divorciada que ama o filho Sam acima de tudo e acaba de embarcar a sua cria num trem para Washington, já que o garotinho é um instrumentista que tocará para o presidente, juntamente com o grupo em que estuda música. Evidente é o problema de Rachel com o ex-marido, e nem mesmo o dá a chance de explicar o motivo do atraso dele em deixar o filho na estação.

Quando Shaw chega em casa e vê um pesado armamento em seu apartamento recebe um estranho telefonema não identificado dando-lhe coordenadas de fuga. Não obedece e é preso em seguida pelos federais. É interrogado por Tom Morgan (Billy Bob Thorton), chefe de uma divisão antiterrorista sob suspeita de terrorismo. Após uma série de perguntas o telefone toca novamente e foge recebendo ordens diretas para entrar num porsche preto, em um devido local e hora. Já para Rachel na mesma noite com amigas, recebe o mesmo comando e não obedecendo, o filho que viajava no trem sofreria um acidente por descarrilamento. Dentro do porsche é que o destino dos dois protagonistas se cruza. A perseguição de carros entre o F.B.I. e o porsche é cheia de ação. Vemos a manipulação do tráfego a favor dos personagens principais para a facilitação da fuga, e durante a cena perguntam-se quem é o responsável por aquilo ser possível.

Para engrossar o caldeirão em meio a tanta conspiração, Zoe Perez (Rosário Dawson) investigando o passado de Ethan Shaw, co-atuando ao lado de Thorton. O desenrolar dos acontecimentos é bem feito e mantém a atenção do espectador. Não há somente correria, explosões e tiros, existe um aqui espaço para pensar nos acontecimentos e entendê-los, como o encaixe da introdução do filme sobre o ataque em solo do Oriente Médio com o destino dos personagens, o destacar da tecnologia não como vilã, mas como meio poderosíssimo que tanto pode nos ferir quanto nos auxiliar, e, novamente é introduzido o drama pessoal. A exemplo, quando Rachel se abre e conta do filho e ex-marido para Jerry entre uma ação suicida e outra.

Com uma certa dose de patriotismo norte-americano em tempos de terrorismo, e além de destaques as tantas formas de controle, de docilizar, punir, de ação corretiva e teorias conspiratórias, é de se divagar: Para onde vai a nossa privacidade e segredos? Mas não se torture tanto pois o que acontece aqui é coisa de filme, não é?



sábado, 19 de julho de 2008

Batman - Cavaleiro das Trevas

Você pensa que Batman Begins é a melhor adaptação do homem-morcego no cinema, então vá correndo a sala de exibição mais próxima, porque O Cavaleiro das Trevas vai surpreender. A chave para tamanho apelo ao filme é o intricado plano do Coringa para o herói e cidade, as atuações (com destaque louvável a Heath Ledger) e outros elementos que se fazem notar, como o plano de tomadas aéreas, explosões e feitos pirotécnicos.

A Trama
Logo aos primeiros minutos damos conta de que este não é mais uma história de super-herói. Ao começo vários homens fortemente armados com máscaras de palhaço executam um plano de mestre ao assaltar um banco, e claro, tudo orquestrado magistralmente por ninguém menos do que o Coringa. Na busca por ser o maior gênio criminal, tem a idéia de eliminar Batman e tomar o controle de tudo. O personagem está obcecado em desmascarar o cavaleiro negro a todo custo, e a todo custo mesmo. Ele libera em verdadeiro caos na cidade na cidade de Gotham, e James Gordon juntamente com o promotor Harvey Dent assim como toda policia movimentam-se para saber os próximos passos do palhaço.

Harvey Dent
Do outro lado da moeda, Harvey Dent (Aaron Eckhart com muita boa atuação) um promotor que busca justiça visto aos olhos da cidade é visto como o homem que pode livrar Gotham de sua Quimera, o crime! É uma figura pública muito conhecida que sofre pressão em busca da diminuição da criminalidade, mas que tem ao seu lado a então namorada Rachel Dawes (Maggie Gyllenhaal).

O Triangulo Amoroso
Rachel segue com a vida pessoal e profissional, e agora se relaciona com Dent. Bruce tenta digerir o infortúnio e tenta recomeçar com a jovem já que devido a iminente queda da criminalidade, pensa em deixar de lado a máscara e manto negro e ter uma vida normal. Acredita piamente que Harvey é o verdadeiro herói por seus feitos com a Lei.

Bruce Wayne/Batman
Aos olhos da sociedade graúda de engravatados com suas intermináveis festas, Wayne é um garanhão festeiro. Mas na verdade ele é como James Bond não só por causa dos caros ternos e garotas, e sim por ter a ajuda de Lucius Fox (Morgan Freeman) que age como um verdadeiro Q, apresentando novas armaduras e utensílios. Como se não bastasse, é também uma mistura de Ethan Hunt (da trilogia Missão Impossível) por loucas acrobacias quando trajado de Batman (como pular de altos prédios na China), e quando sobra um tempinho faz o melhor estilo Gil Grissom da série CSI ao analisar balística.

As cenas de ação em que Batman vai até a China buscar pelo mafioso disfarçado de empresário Lau (Ng Chin Han) é de fazer o queixo cair. As ações de Batman são executadas perfeitamente como a de Coringa ao início da fita quando rouba um banco, contudo é maior e melhor. Além disso, temos a boa e velha pancadaria (o justiceiro luta contra mais de cinco homens, um por um) coisa que sempre deixou a desejar nos filmes do morcegão até Nolan e Bale se juntarem e fazerem parte deste universo.

O ator Heath Ledger, a galinha dos ovos de ouro
É fácil e difícil ao mesmo tempo descrevê-lo, pois parece que não há adjetivos o suficiente para tentar explicar a sua persona, embora pareça que todos os possíveis adjetivos e qualidades se enquadrem perfeitamente na linguagem corporal: Maquiavélico, genial, mórbido, sinistro, obscuro, um vulcão em erupção constante e insanamente divertido e assustador. Por vezes chega aa roubar a cena do colega Bale, contudo este último muitíssimo competente na atuação, até porque é de fato quem melhor até hoje encarna o herói. O seu embate contra seu oposto, Batman, se dá em níveis não só físicos, mas também psicológicos e filosóficos, já que o herói decaído vê-se obrigado a ir de encontro a seus princípios.

Chistopher Nolan brinda aos fãs e não fãs com Batman - O Cavaleiro das Trevas um filme de clima sombrio, com muita ação e um pouco de reviravoltas, porque é um filmaço. É admirável o poder em fazer um homem de carne e osso, que sangra tornar-se algo maior, um símbolo, uma idéia, mito, uma força a ser temida. Igualmente grandiosa a mitologia construída em torno do homem morcego é a construção da morbidez do Coringa. Com todo respeito às atuações do passado de Cesar Romero e Jack Nicholson, mas esqueça-as já que Heath Ledger está tinindo! Depois de ver o filme realmente não soa absurdo uma possível indicação póstuma ao Oscar de Melhor Atuação.